Uma verdadeira interação entre o homem e a natureza. Assim é a relação entre os botos da barra do Rio Tramandaí, no Rio Grande do Sul, e os pescadores artesanais de tarrafa que atuam na região. Ao perceberem a presença dos animais, os pescadores se distribuem na margem do canal à espera do sinal característico feito pelo boto com a cabeça, indicando a eles o momento exato para o arremesso da rede. A convivência facilita a captura de peixes por homens e botos, em uma parceria benéfica para as duas partes.
Desta relação, nasceu, em agosto de 2015, o projeto Botos da Barra. Patrocinado pela Transpetro desde que foi criado, ele tem como objetivos principais monitorar a população de botos da região, por meio de foto-identificação; planejar o zoneamento do local, gerenciado com a realização de reuniões, entrevistas e cursos de capacitação; fortalecer a pesca artesanal realizada a partir da interação dos pescadores com os botos e exercer papel de educador ambiental, organizando atividades como cursos, palestras e oficinas didáticas sobre os botos. O projeto foi possível graças a um convênio com o Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ceclimar/UFRS).
Entre as atividades desenvolvidas pelo Botos da Barra, estão ações de educação ambiental nas escolas da região, divulgação do projeto para os frequentadores da barra do Rio Tramandaí, entre eles turistas, elaboração de cartilhas e placas informativas e entrevistas com pescadores.
Na barra do Rio Tramandaí, os pescadores conhecem cada boto e dão nome a eles. O reconhecimento se dá por meio das marcas/cicatrizes e manchas na nadadeira dorsal e no corpo dos animais, como se fosse uma impressão digital. Alguns são facilmente reconhecidos por quem vai visitar o local, como a Geraldona, uma fêmea de 30 anos que gerou recentemente um filhote, e o filho mais velho dela, Chiquinho, com cerca de 12 anos.